Transgênicos: Ruim para o produtor e para o consumidor

Ruim para o produtor e para o
consumidor

A introdução de transgênicos na natureza expõe nossa biodiversidade a sérios riscos, como a perda ou alteração do patrimônio genético
de nossas plantas e sementes e o aumento dramático no uso de agrotóxicos
.
Além disso, ela torna a agricultura e os agricultores reféns de poucas empresas
que detêm a tecnologia, e põe em risco a saúde de agricultores e consumidores.
O Greenpeace defende um modelo de agricultura baseado na biodiversidade
agrícola e que não se utilize de produtos tóxicos, por entender que só assim
teremos agricultura para sempre.

Imagem*

*Plantação de arroz vermelho, variedade que pode desaparecer com a plantação de arroz transgênico. © Greenpeace / Lunaé Parracho

Os transgênicos, ou organismos geneticamente
modificados, são produtos de cruzamentos que jamais aconteceriam na natureza,
como, por exemplo, arroz com bactéria.

Por meio de um ramo de pesquisa relativamente novo
(a engenharia genética), fabricantes de
agroquímicos criam sementes resistentes a seus próprios agrotóxicos, ou mesmo
sementes que produzem plantas inseticidas. As empresas ganham com isso, mas nós
pagamos um preço alto: riscos à nossa saúde e ao ambiente onde vivemos.

O modelo agrícola baseado na utilização de sementes
transgênicas é a trilha de um caminho insustentável. O aumento dramático no uso
de agroquímicos decorrentes do plantio de transgênicos é exemplo de prática que
coloca em cheque o futuro dos nossos
solos e de nossa biodiversidade agrícola.

Diante da crise climática em que vivemos, a
preservação da biodiversidade funciona como um seguro, uma garantia de que
teremos opções viáveis de produção de alimentos no futuro e estaremos prontos
para os efeitos das mudanças climáticas sobre a agricultura,

Nesse cenário, os transgênicos representam um duplo risco. Primeiro por serem resistentes a agrotóxicos, ou possuírem
propriedades inseticidas, o uso contínuo de sementes transgênicas leva à
resistência de ervas daninhas e insetos, o que por sua vez leva o agricultor a
aumentar a dose de agrotóxicos ano a ano
. Não por acaso o Brasil se tornou
o maior consumidor mundial de agrotóxicos em 2008 – depois de cerca de dez anos
de plantio de transgênicos – sendo mais da metade deles destinados à soja,
primeira lavoura transgênica a ser inserida no País.

Além disso, o uso de transgênicos representa um
alto risco de perda de biodiversidade, tanto pelo aumento no uso de agroquímicos (que tem efeitos sobre a
vida no solo e ao redor das lavouras), quanto pela contaminação de sementes
naturais por transgênicas. Neste caso, um bom exemplo de alimento importante,
que hoje se encontra em ameaça, é o nosso bom e tradicional arroz.

A diversidade do arroz brasileiro congrega desde o
arroz branco plantado no Rio Grande do Sul, que é adaptado a temperaturas
amenas, àquele plantado no interior do nordeste, vermelho, resistente a climas
quentes e secos. Ambos são necessários, sem seus respectivos climas e solos,
para garantir que o cidadão brasileiro tenha sempre arroz em seu prato, em
qualquer região do país.

Rotulagem
como direito básico *Imagem

Ativistas do Greenpeace protestam em um supermercado contra a falta de
rotulagem adequada nos produtos fabricados pelas empresas Bunge e Cargill.
©Greenpeace/Ivo Gonzalez

“É melhor prevenir do que remediar”. Esta expressão
cai como uma luva quando falamos de liberação e consumo de transgênicos.

Consumimos hoje diversos alimentos com ingredientes
à base de transgênicos, produzidos para matar insetos e resistir a agrotóxicos.
Você deve achar que exaustivos testes foram feitos, e todas as pesquisas que
apontam possíveis riscos foram levadas em consideração, para que transgênicos
fossem liberados. No entanto, isso não acontece.

Não existe consenso na comunidade científica sobre a segurança dos
transgênicos para a saúde humana e o meio ambiente. Testes de médio e longo
prazo, em cobaias e em seres humanos, não são feitos, e geralmente são
repudiados pelas empresas de transgênicos.

Neste contexto, o Greenpeace considera que a
liberação de transgênicos é uma afronta ao princípio da precaução, e uma aposta
de quem não tem compromisso com o futuro da agricultura, do meio ambiente, e do
planeta.

Desde que os transgênicos chegaram clandestinamente
ao Brasil, em 1997, o Greenpeace trabalhou para que o consumidor pudesse
identificá-los e decidir se compraria ou não.

Em 2003, foi publicado o decreto de rotulagem
(4680/2003), que obrigou empresas da área da alimentação, produtores, e quem
mais trabalha com venda de alimentos, a identificarem, com um “T” preto, sobre
um triangulo amarelo, o alimento com mais de 1% de matéria-prima transgênica.

A resistência das empresas foi muito grande, e
muitas permanecem até hoje sem identificar a presença de transgênicos em seus
produtos. O cenário começou a mudar somente após denúncia do Greenpeace, em
2005, de que as empresas Bunge e Cargill usavam transgênicos sem rotular, como
determina a lei. O Ministério Público Federal investigou e a justiça determinou
que as empresas rotulassem seus produtos, o que começou a ser feito em 2008.

A partir de 2007, parlamentares da bancada
ruralista, impulsionados pela indústria da alimentação e empresas de
transgênicos, propuseram projetos de lei que visam acabar com a rotulagem. O
Greenpeace está de olho nestas iniciativas que visam bulir com nosso acesso à
informação.

A rotulagem de produtos transgênicos é um direito
básico dos consumidores. Todos nós temos o pleno direito de saber o que
consumimos.

Fome no mundo: a solução é agricultura para sempre

Para os agricultores que cultivam plantações
convencionais ou orgânicas, a contaminação e a inserção em massa de sementes
transgênicas no mercado têm implicado em prejuízo. Eles têm perdido o direito
de vender suas safras como convencionais ou orgânicas, que são mais valorizadas
no mercado, e ainda por cima são obrigados a pagarem royalties por algo que
eles não queriam.

Os defensores dos transgênicos dizem que eles podem
ser uma solução ao problema da fome no mundo, pois podem levar ao aumento da
produção de alimentos. Mas realidade é bem diferente.

A totalidade dos transgênicos plantados no Brasil,
e a quase totalidade dos transgênicos plantados no mundo são plantas
resistentes a agrotóxicos ou com propriedades inseticidas. A produtividade dos
transgênicos não é superior à dos convencionais e orgânicos, e a semente é mais cara por conta dos royalties
a serem pagos, o que aumenta o custo de produção.

Considerando isso, e somando-se seus impactos sobre
a biodiversidade agrícola e aumento no uso de agrotóxicos, só uma conclusão é
possível: os transgênicos são um
problema, e não a solução, para a fome no mundo.

Soluções

– Proibição de aprovações de novas culturas
transgênicas, em especial aquelas que são a base da alimentação de nossa
população.

– Rotulagem dos produtos transgênicos, para atender
plenamente a um direito do consumidor de saber o que está comprando.

– Fiscalização e cuidado na cadeia para que não
haja contaminação.

Fonte: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/O-que-fazemos/Transgenicos/

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